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12/06/2009 JORNAL DO COMÉRCIO
Página da recessão está sendo virada
Eduardo Pocetti
A economia brasileira foi menos afetada pela crise internacional do que o esperado. Apesar de o IBGE ter confirmado que o Brasil chegou a entrar em recessão técnica, com dois trimestres seguidos de recuo da economia, a desaceleração de 0,8% do PIB nos três primeiros meses de 2009 ante o último trimestre do ano passado ficou aquém do que esperavam muitos analistas, que previam uma queda maior, entre 1% e 4%, para a economia brasileira no período. Feita a análise atenta dos números passados e absorvidos os ensinamentos que a crise tem nos deixado, voltemos nossos olhos e atenção às perspectivas de futuro. Não quero, aqui, me aventurar em traçar previsões e fechar apostas em possíveis cifras de crescimento - afinal, economistas altamente gabaritados têm errado os seus prognósticos, às vezes de forma considerável -, mas são perceptíveis os indicadores de que o traçado do crescimento já vem sendo retomado.
Mesmo durante o desastre da queda de 3,6% do PIB no quarto trimestre de 2008 ante os três meses imediatamente anteriores, o consumo das famílias (um dos importantes componentes do PIB) manteve-se positivo. Agora, com a divulgação pelo IBGE do resultado do Produto Interno Bruto nos três primeiros meses deste ano, ficamos sabendo que este consumo continua no território azul, evoluindo sem interrupção há 22 meses.
Este é um grande trunfo brasileiro: contar com um mercado interno gigantesco e que se mantém em expansão, com a inclusão nos últimos anos de parcelas significativas de novos consumidores ao contingente de pessoas com recursos que permitem fazer girar as engrenagens da economia. Apesar de ponderarmos que pode ter havido uma reação mais conservadora e aprofundada do que seria necessário no Brasil, em especial entre alguns agentes de setores produtivos, a crise internacional foi realmente assustadora e ainda impõe à economia mundial um grave componente de imprevisibilidade que não pode ser ignorado. Porém, como muitos já disseram, e nós respaldamos tal análise, o Brasil mantinha e mantém seus fundamentos organizados e fortalecidos, o que nos possibilitou passar menos afetados pela grave turbulência e certamente nos está fazendo deixá-la antes de outros grandes países. Podemos enxergar perspectivas positivas após esses dois trimestres de retração seguida.
Diretor e CEO da BDO Trevisan