14/09/2011 O GLOBO
Autor(es): agência o globo:Gerson Camarotti
BRASÍLIA. Com o recuo do Planalto, perdeu força a mobilização dos governadores em defesa de novo tributo para a Saúde. A expectativa inicial deles era apoiar ação da presidente Dilma Rousseff nesse sentido. Mesmo assim, será entregue ao Congresso uma nota assinada por 21 governadores pedindo urgência na solução de "maior aporte de recursos específicos" para o setor, mas sem citar a recriação da CPMF.
Inicialmente, os governadores planejavam um encontro com Dilma para reforçar o movimento. Mas, temendo desgaste político, a presidente decidiu lavar as mãos e liberar as bancadas aliadas no Congresso. O fato dividiu ainda mais os governadores. Ontem, uns defendiam a necessidade de enfrentar o desgaste político, e outros elogiavam a iniciativa da presidente:
- A decisão da presidente está certa. A solução para a Saúde não pode começar pelo debate por mais tributos. Primeiro, temos de discutir qualidade dos gastos no setor e de ações básicas, além da redução da violência no trânsito. Tudo isso tem impacto na Saúde - disse o governador Eduardo Campos (PSB-PE).
Recuo do governo
incomoda governadores
Nos bastidores, há forte incômodo de governadores com o recuo do Planalto. A mobilização foi iniciada pelo ministro Alexandre Padilha (Saúde), que estimulou os governadores no movimento pró-CPMF. Diante disso, vários apoiaram de público a Contribuição Social para a Saúde (CCS). Mas, após uma avaliação pragmática, Dilma voltou atrás:
- O governo não vai bancar o retorno da CPMF. Esta não é a hora de tratar de um novo tributo - reforçou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Já o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB) disse que, diante da posição do Planalto, consultará os demais governadores "para saber como agir daqui para a frente".
- Não sei qual é o desgaste político maior dos que têm responsabilidade: se pela criação de um novo imposto ou pela situação da Saúde pública. Respeito a posição de quem pensa que o Brasil tem muito tributo. Mas o mau gerenciamento não é o principal problema da Saúde. O que existe é falta de financiamento - disse Cid.
- Aplaudo a posição da presidente Dilma, porque sinto que não há clima para o retorno da CPMF. Mas acredito que a Saúde tem demanda infinita. E, por isso, há a necessidade de um financiamento específico - disse o governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), que não assinou a carta.