24/06/2011 ZH
Diante da crise petebista e da resistência de outros aliados, Tarso marcou conversa com deputadosDepois de o deputado Sérgio Moraes dar um tapa na cara do colega Ronaldo Santini, por discordâncias com a distribuição de cargos em comissão, o PTB decidiu tentar demonstrar que não está no governo motivado por CCs. A primeira sinalização já foi dada: a bancada se diz disposta a pedir a Tarso Genro a retirada do pedido de urgência do pacote.
Entre os projetos encaminhados à Assembleia, podem ser votados a partir de terça-feira: reforma da previdência, novos critérios para o pagamento dos pequenos precatórios, taxa ambiental e venda de imóveis. O fim da urgência significa que as votações serão postergadas e que o governador terá de esperar o tempo dos deputados, sempre sujeitos a pressões. Assustado com as turbulências, Tarso deve se reunir com aliados em um jantar na segunda-feira.
A decisão do PTB de ter uma posição mais independente teve origem em um bate-boca de Santini com Moraes na segunda-feira, sobre cargos. Segundo um parlamentar da sigla, o PTB está consciente de que poderá colocar os CCs em risco:
– Se formos soldadinhos do passo certo, vamos demonstrar que estamos no governo por causa de cargos.
Caso o Piratini não volte atrás na urgência, o partido pode votar contra o pacote, afirmou um deputado. Com seis parlamentares, a bancada ajudaria a derrotar o governo. A oposição conta com 23 parlamentares.
Cassiá Carpes e José Sperotto se dizem descontentes com pontos do pacote. Já Marcelo Moraes estaria inclinado a votar contra. A bancada petebista deve apoiar uma emenda de Cassiá que reduz de 16,5% para 14,5% a alíquota de desconto previdenciário de parte dos servidores, o que alteraria o projeto original do governo.
Dois deputados que participaram de uma reunião na quarta-feira informaram que o presidente estadual do partido, Luis Augusto Lara, teria anunciado que deixaria o comando da sigla até o final de julho. O dirigente não confirma a informação. Diz que pretende se licenciar, mas para tirar 15 dias de férias.
ALINE MENDES* | *Colaboraram Paulo Germano e Vivian EichlerDo tapa ao divã
A BRIGA
- Num encontro do PTB na Capital, no sábado passado, o deputado federal Sérgio Moraes (PTB) deu um tapa na cara do deputado estadual Ronaldo Santini – tudo diante de mais de mil filiados. Depois de um discurso em que criticou a forma de ocupação de cargos do PTB no governo estadual, Moraes foi questionado pelo colega e a discussão terminou em agressão.
O BATE-BOCA
- Na segunda-feira, o bate-boca continuou. Na Rádio Gaúcha, os deputados voltaram a se enfrentar. Moraes negou ter agredido Santini e passou a atacar o presidente do PTB, Luis Augusto Lara, que estaria vendendo o partido em troca de cargos. Santini revelou que cada deputado estadual teria direito a indicar CCs que representam, no total, R$ 80 mil por mês em salários.
O BRETE POLÍTICO
- Diante dos ataques de Moraes e da inconfidência de Santini, a cúpula do PTB se viu obrigada a colocar à disposição os cargos no governo como forma de afastar o rótulo do fisiologismo. O Piratini rejeitou a entrega e considerou o episódio resolvido. Uma ala do PTB, porém, considera ser necessário fazer um gesto forte como forma de resgatar o orgulho da sigla.