23/04/2009 UOL
SÃO PAULO - Ainda não houve decisão política, no que se refere à tributação sobre grandes fortunas, explicou o coordenador-geral de Estudos, Previsão e Análise da Secretaria da Receita Federal, Marcelo Lettieri.
No entanto, segundo ele, existe interesse da RFB. "Acho que existe interesse da Receita. A tributação de grandes fortunas, em vários lugares do mundo, tem vantagens e desvantagens. Com a circulação financeira que houve, as grandes fortunas fogem facilmente dos países que tentam tributá-las (por conta dos paraísos fiscais)", disse, em entrevista à Agência Brasil.
"Por isso, foi retomado no G20 (grupo das principais economias do mundo), a questão dos paraísos fiscais, que permitiram a circulação descontrolada do dinheiro. E aí é difícil tributar e acompanhar esse dinheiro", acrescentou.
Apoio ao trabalhador
Lettieri lembrou ainda que a secretária da Receita Federal, Lina Vieira, quer agora prestar atenção às necessidades do trabalhador, de forma que já contatou as centrais sindicais.
"Ela, juntamente com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), irá discutir a tributação sobre a renda do trabalho de forma aberta. Vamos passar informações, o Ipea vai fazer os estudos e discutir com os trabalhadores".
Questionado sobre uma possível queda da carga tributária, Lettieri disse que, se a arrecadação está crescendo mais do que o PIB (Produto Interno Bruto), significa que realmente a carga tributária está alta.
Porém, segundo ele, a questão do cálculo é outra, e tem de ser esclarecida. "É difícil comparar as cargas tributárias entre os países, não só por causa das metodologias, mas também pelo que o pessoal chama de carga tributária. Há mapas que dizem que o Brasil tem carga de 34%, e o México de 22%. Mas o México não considera a Previdência nesse cálculo. Então, esse debate tem de ser enriquecido".