06/12/2018 Correio do Povo - Coluna Taline Oppitz
O governador eleito Eduardo Leite (PSDB) anunciou Otomar Vivian (PP) como chefe da Casa Civil. Com a confirmação, são dois os integrantes conhecidos do primeiro escalão da administração tucana. Em 22 de novembro, Leite havia anunciado Marco Aurélio Santos Cardoso, economista concursado do BNDES para o comando da secretaria da Fazenda. Os dois cargos são naturalmente estratégicos e ganham ainda mais importância em função do cenário instaurado no Rio Grande do Sul. A grave crise financeira, que precisa ser enfrentada com ações urgentes e estruturais, sob o comando de Marco Aurélio, e que leva o governo a ter de tentar aprovar medidas difíceis e polêmicas na Assembleia, dependendo da articulação de Otomar. Ex-presidente do IPE em três oportunidades, o progressista foi prefeito e ocupou a Casa Civil no governo Yeda Crusius, marcado por turbulências, polêmicas e por episódios difíceis, como os trabalhos da CPI da Corrupção e o impeachment contra a governadora tucana. O processo chegou ao plenário da Casa e acabou rejeitado. Com mais de 30 anos de vida pública, Otomar é respeitado e tem boas relações com partidos e políticos. Conhecido por ser um homem de diálogo, foi uma escolha acertada de Leite e irá contribuir na empreitada que o tucano terá pela frente no Legislativo e também junto ao comando de poderes como o Tribunal de Justiça eoMinistério Público. Estrategicamente, o anúncio da escolha de Otomar se deu antes da votação da proposta de manutenção das alíquotas do ICMS, primeiro teste do governo Leite na Assembleia, cuja votação pode ocorrer no dia 12 ou no dia 18. O governador eleito vinha comandando pessoalmente as articulações com deputados, inclusive da oposição e deixa caminho asfaltado para a atuação de Otomar.
Pano de fundo
A bancada do PT na Assembleia deve fechar questão e garantir 11 votos favoráveis ao projeto de manutenção das alíquotas do ICMS. Uma sinalização de Eduardo Leite em relação às exigências dos petistas, como previsões de pagamento em dia da folha e dos repasses da área da saúde será suficiente para garantir o apoio. Um dos motivos que pesam para o PT, além da consciência da crise financeira, é garantir o patamar de receitas do Executivo e reforçar o discurso de que José Ivo Sartori fez opção política.