23/04/2018 Correio do Povo
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, revogou neste domingo a reforma da previdência, que desencadeou uma onda de protestos, matando pelo menos 24 pessoas. Numa mensagem transmitida pela televisão, ele se dirigiu à população para pedir a todos que deixem de lado diferenças políticas e ideológicas e busquem uma solução negociada para a crise. Esse é o maior desafio de Ortega desde 2016, quando conquistou o terceiro mandato presidencial consecutivo. Líder da Revolução Sandinista - que, em 1979, derrubou a ditadura de Anastásio Somoza e ainda é chamado de comandante - ele mandou reprimir os protestos. Mas, diante da escalada da violência, foi obrigado a voltar atrás. Um jornalista morreu no sábado com um tiro na cabeça, enquanto cobria as manifestações. Organizações de direitos humanos responsabilizaram as forcas de segurança pela violência e dizem que pelo menos 24 pessoas morreram nos enfrentamentos. Já o governo, por sua vez, admite 11 mortes.
EMPRESÁRIOS
Neste domingo, Ortega se reuniu com empresários, que pediram o estabelecimento da paz. Os protestos foram provocados pela decisão do governo de reduzir em 5% as pensões e aumentar as contribuições de empresas e trabalhadores para a previdência. A reforma previdenciária foi anunciada em 16 de abril e deveria ser colocada em vigor em julho. Em meio ao clima tenso dos últimos dias, a população lotou supermercados e lojas em busca de provisões. Ontem foram reportados novos bloqueios de ruas e saques em vários estabelecimentos comerciais. Em postos de gasolina da cidade era possível ver longas filas de veículos em busca de combustível, em meio a temores de desabastecimento. Nas cidades de León e Masaya, houve "queima de carros particulares, saque e destruição de prédios públicos", assim como roubos em centros comerciais, informou o governo. Ortega criticou duramente os manifestantes e os comparou a membros de gangue que semeiam o terror no Norte da América Central.